#023 - Colaboradores sem CPF: 7 passos essenciais para estruturar o trabalho híbrido IA + humanos com inteligência jurídica
Juris Insider | iFood, Caf, CBMM | Colunas: Legal Design se une ao Legal Ops e Estratégias de Transformação Corporativa | Labubu x Vale; Mattel+ IA e Mc McDonald’s direto pelo Google.
Bem-vinda(o) à edição #023 da Future Law 360º!
Liderar times em contextos complexos e em constante transição exige mais do que inteligência técnica. Exige estrutura emocional, visão sistêmica e maturidade pra lidar com o que ainda não tem manual. Nesta edição, discutimos como integrar colegas sem CPF — agentes de IA que já atuam em compliance, contratos e decisões operacionais. Trazemos os bastidores da movimentação no iFood, CBMM e CAF, além dos dilemas jurídicos por trás da Barbie com IA, do delivery do McDonald’s direto no Google e de bonecos que viram ativos de R$ 900 mil.
Aqui está o que preparamos para você hoje:
NESTA EDIÇÃO #023
💡 Editorial | Colaboradores sem CPF: 7 passos essenciais para estruturar o trabalho híbrido IA + humanos com inteligência jurídica
🗞️ Juris Insider | iFood, Caf, CBMM e mais movimentações de peso
🪡 Entre Linhas | Legal Design encontra Legal Ops na coluna coordenada pelo Fellipe Branco; Na Coluna In House coordenada pela Fernanda Freitas, conheça as Estratégias de Transformação Corporativa
📈 Lex Power | Bitcoin com IA autônoma, Barbie com IA, o fenômeno Labubu, Airpods com dispositivo médico e McDonald’s direto pelo navegador do Google.
📚 Biblioteca Future Law 360º | Conteúdos estratégicos sobre inovação jurídica e as habilidades mais demandadas do mercadoSegunda-feira, 16/06/2025, 11:11
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Editorial
💡 Seu colega sem CPF
Na última semana, entre um café amargo e um papo sincero com uma gerente jurídica de um grupo financeiro, ouvi a seguinte frase:
“Nosso novo colaborador não tem CPF. É um agente de IA que entrou pra automatizar parte do compliance contratual. Já tá entregando mais rápido que gente.”
A princípio rimos. Mas o silêncio de dois segundos que se seguiu disse mais do que qualquer análise de impacto.
Porque a frase — dita num contexto real, cotidiano, sem afetação — aponta para algo que muitos ainda estão tentando evitar: a inteligência artificial não é mais apenas uma “tecnologia de apoio”. Ela virou força de trabalho.
E isso muda tudo.
Mudam os contratos, os organogramas. Mudam os fluxos, os KPIs, os benchmarks. E, acima de tudo, mudam os riscos que o Jurídico precisa antecipar e gerir.
Não se trata mais de discutir se a IA vai substituir pessoas. Isso é reducionismo. A real pergunta estratégica, agora, é: como integrar, contratar, supervisionar e responsabilizar ferramentas que não têm CPF, mas executam tarefas, tomam decisões e operam como parte do time?
Segundo estudos recentes da Harvard Business School e do Digital Data Design Institute, a IA está deixando de ser coadjuvante para se tornar “talento operacional”. Em empresas como Deloitte, já existem agentes autônomos estruturando jornadas de cliente, organizando fluxos internos e executando processos ponta a ponta.
Isso exige uma virada de chave — não só do RH ou da TI, mas também (e sobretudo) do Jurídico.
Afinal, quando uma “pessoa jurídica” passa a trabalhar com “agentes sem personalidade jurídica”, quem assina a responsabilidade?
Como garantir due diligence em IA terceirizada?
Qual o limite ético de aprendizado contínuo sobre dados sensíveis?
E mais: como revisar contratos de prestação de serviço em que a parte executora não é humana?
Essa semana, organizamos um playbook com os 7 passos essenciais para estruturar o trabalho híbrido IA + humanos com inteligência jurídica:
1. Mapeie tarefas e resultados — não cargos.
O foco não é substituir pessoas, mas decompor o trabalho em partes. Que tarefas geram mais valor com IA? Quais exigem julgamento humano? Quais pedem colaboração híbrida? Comece por aí.
2. Avalie capacidades da IA como avalia um candidato.
Crie uma taxonomia interna. LLMs servem para textos; visão computacional, para inspeção; agentes autônomos, para processos. A curadoria tecnológica também é jurídica — porque envolve governança, impacto e aderência regulatória.
3. Defina fronteiras de atuação.
Quem decide o quê? Quando uma IA deve escalar um caso para um humano? Onde está o limite da autonomia algorítmica? Sem isso, o risco de omissão, duplicidade ou erro é real — e o jurídico será chamado quando o problema já tiver nome e processo.
4. Redesenhe o modelo de trabalho.
A força de trabalho agora inclui CLTs, PJs, freelancers e algoritmos. Você vai comprar, alugar ou terceirizar IA? Cada modelo implica contratos, SLAs, cláusulas específicas e KPIs novos. O jurídico precisa estar na mesa, desde o começo.
5. Estabeleça regras jurídicas e éticas claras.
Qual o uso permitido de dados? Quem detém o IP de uma IA treinada com base nos seus ativos? Como prevenir viés discriminatório? Com a regulação em avanço no Brasil e no mundo, empresas que se anteciparem terão muito mais margem de adaptação.
6. Monitore e atualize continuamente.
IA não é “pluga e esquece”. Ela muda. Aprende. Ganha novas capacidades. O jurídico deve prever cláusulas vivas, ciclos de revisão, auditorias internas, responsividade contratual e métricas que acompanhem essa evolução.
7. Preserve o diferencial humano.
Empatia, pensamento crítico, ética contextual, liderança. O que diferencia sua empresa não está só na eficiência — está na capacidade de criar vínculos e interpretar ambiguidade. E isso continua sendo humano. O papel do Jurídico é proteger e potencializar isso.
Essa discussão já não pertence só ao time de inovação.
Ela pertence ao Jurídico, ao RH, à alta liderança.
Porque quando você começa a contratar colegas sem CPF, precisa de regras claras, estrutura robusta e uma nova gramática de governança.
A IA já está na equipe.
A pergunta agora é: o Jurídico está pronto pra assumir esse jogo?
FL360
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🗞️ Juris Insider
Sua janela pros bastidores do mercado jurídico
As movimentações da semana reforçam um mercado jurídico em plena ebulição — com profissionais assumindo posições de liderança em setores de alta complexidade regulatória e impacto estratégico. Em comum, todos compartilham o mesmo movimento: reposicionar o jurídico como área-chave na criação de valor, conectando compliance, inovação e governança diretamente ao core do negócio.
#1 iFood – Bárbara Luzivotto assume como nova Head of Legal Department.
Em um ecossistema que vai muito além da entrega de refeições, o iFood opera hoje como plataforma de logística, meios de pagamento, crédito e dados. Os desafios jurídicos se expandem: da regulação de mobilidade urbana à proteção de dados, da concorrência à defesa do consumidor. A chegada de Bárbara reforça a musculatura estratégica do jurídico, que precisa atuar de forma transversal, ágil e com alta capacidade de antecipação regulatória.
#2 Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração – Amanda Rattes de Almeida assume como Head Global de Compliance. Referência mundial na produção de nióbio, a CBMM opera com tecnologia de ponta e uma cadeia de fornecimento altamente regulada. Em um ambiente de negócios marcado por exigências internacionais, sustentabilidade e riscos reputacionais crescentes, Amanda entra para liderar a governança de integridade da companhia, com foco em privacidade, anticorrupção e conformidade global.
#3 Caf – Leonardo Noveti é o novo Legal Manager. A Caf atua no coração da infraestrutura de identidade digital e prevenção à fraude no Brasil e na América Latina. Em um setor altamente regulado, com impacto direto em fintechs, bancos e plataformas de crédito, o jurídico se torna peça-chave para equilibrar inovação e segurança. A chegada de Leonardo fortalece a vertical jurídica de um dos principais players em tecnologias de autenticação e onboarding digital do país.
🪡 Entre Linhas
Nesta semana celebramos três novas publicações, que ampliam ainda mais nosso repertório de temas e olhares:
🎨 Fellipe Branco estreia como coordenador da Coluna Legal Design, inaugurando um espaço de reflexão contínua sobre a interseção entre estética, funcionalidade e estratégia na construção de experiências jurídicas. Mais do que organizar visualmente a informação, o Legal Design que nos interessa é o que reconecta forma e finalidade. Que transforma contratos em ferramentas de relação, petições em narrativas de convencimento e políticas de compliance em pontes de cultura organizacional.
🧭 Fernanda Freitas aprofunda sua curadoria na Coluna In House com uma análise cirúrgica sobre as transformações do jurídico corporativo contemporâneo. Em tempos de exposições reputacionais instantâneas e decisões empresariais cada vez mais públicas, a atuação jurídica interna deixou de ser apenas um escudo para virar bússola. Fernanda mostra, com a autoridade de quem vive isso no dia a dia, por que o jurídico não pode mais se limitar a apagar incêndios — precisa antecipar tempestades.
Future Law Experience
💜🦒 FLX
Neste espaço você ficará sabendo em primeira mão todas as novidades do evento de inovação jurídica mais aguardado do ano, o Future Law Experience (FLX).
Temos o primeiro speaker internacional confirmado no palco do FLX 2025. E ele vem com tudo. 💜
Oyango A. Snell é Diretor Executivo da CLOC, uma das principais comunidades globais dedicadas à inovação e eficiência nas operações jurídicas.
Advogado, professor e líder com visão estratégica, Oyango se destaca por seu trabalho à frente da transformação da prática jurídica no mundo corporativo, promovendo diversidade, tecnologia e performance com impacto real.
Sua trajetória representa o que o FLX acredita: que o futuro do Direito se constrói com visão de negócio, colaboração e coragem para desafiar o comum.
Ele já está confirmado no FLX 2025. E você?
Garanta seu ingresso! 🎟️
News
🇧🇷 🌍 Lex Power
O que está em pauta no Brasil e no Mundo?
🔍 Google x iFood: delivery sem sair da busca.
O Google lança o “Pedidos com Google”, permitindo comprar McDonald’s direto do buscador. Com 1 milhão de buscas diárias só pelo nome da marca, a iniciativa encurta a jornada de compra para poucos cliques — e inaugura uma nova fronteira para a regulação do comércio digital. Afinal, quando buscador vira marketplace, qual legislação se aplica?
🧠 Barbie com IA: brinquedo ou interface conversacional?
A Mattel e a OpenAI anunciaram a criação de bonecas interativas com inteligência artificial. É a primeira vez que brinquedos ganham cognição e conversa. O desafio jurídico? Delimitar privacidade, segurança e responsabilidade em produtos voltados ao público infantil — especialmente num mercado que mistura física, digital e machine learning.
⚡ Bitcoin como motor da IA autônoma.
Sistemas inteligentes estão ganhando acesso a carteiras digitais com BTC. Isso permite que robôs paguem, negociem e transacionem sem intervenção humana. Mas quem responde legalmente por decisões financeiras de uma IA? O Direito enfrenta o dilema de regular agentes não-humanos com autonomia econômica.
📉 BYD e a guerra global de preços.
A montadora chinesa de elétricos perde US$ 22 bi em valor de mercado após intensificar descontos para manter competitividade. O governo chinês interveio. No Brasil e na Europa, o impacto é direto: pressão por regulação contra dumping e novas diretrizes para subsídios verdes e concorrência justa.
🎮 Labubu, o boneco de R$ 900 mil.
O personagem da Pop Mart virou item de colecionador global — com hype gerado por “blind boxes” e fãs como Rihanna. O brinquedo vira ativo digital e cultural. A pergunta jurídica: quem regula o valor simbólico transformado em capital especulativo? O contrato de desejo agora vale mais que o produto.
🧬 AirPods como dispositivo médico.
A Apple prepara fones com sensores biométricos, medição de temperatura e integração com IA. O acessório vira wearable de saúde — e traz para o centro da discussão temas como consentimento, dados sensíveis e regulação de dispositivos híbridos (entre entretenimento e medicina).
🧠 Meta monta supertime para criar IA geral.
Zuckerberg atrai pesquisadores da DeepMind e SESAME e declara foco total em desenvolver uma superinteligência. A Meta deixa de ser só rede social: vira centro de cognição digital. A disputa jurídica passa a envolver não só dados, mas governança da própria inteligência.
📦 Amazon reformula varejo com drones.
A integração da Whole Foods com entregas automatizadas e IA marca um novo patamar: da logística sob demanda à última milha autônoma. O Direito do Consumidor, o Direito Urbanístico e a regulação aérea entram no mesmo jogo — agora disputado em segundos e centímetros.
🎥 Meta lança IA para editar vídeos sozinha.
Agora a IA corta, edita e estiliza vídeos automaticamente. Isso transforma o criador em curador, e o editor em programador de algoritmos. A questão jurídica? Direito autoral, remuneração por cocriação com IA e a originalidade na era do conteúdo automatizado.
🌐 Trump e Xi: um pacto comercial pela IA.
Um novo acordo entre EUA e China pode redesenhar cadeias globais de inovação — de semicondutores a baterias. O Direito Econômico ganha um papel diplomático: garantir insumos, evitar dependência tecnológica e regular soberania industrial num mundo cada vez mais geopolítico e automatizado.
🚀 Future Law 360º: Liderando o Presente e Construindo o Futuro do Direito
Estamos aqui para trazer conteúdos que realmente impactam sua carreira e seu negócio. Quer contribuir, sugerir temas ou compartilhar um case de inovação jurídica? Mande sua mensagem! Afinal, esta newsletter é feita para você e com você.
Sobre a Editora
🌟 Olá! Sou Tayná Carneiro, Sócia e Diretora de Relações Institucionais da Future Law, professora, doutoranda e mestre em Direito, apaixonada por conectar inovação e estratégia ao universo jurídico. Compartilho ideias e projetos que inspiram profissionais e fortalecem organizações no setor .
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