Por Luiza Maziviero* e Pedro Galvão*
Se você está na faculdade, a chance de já ter ouvido de alguém mais velho o conselho de aproveitar muito esse período pois “é o melhor da sua vida” é enorme.
Honestamente? É bem verdade. Mas, para além das saídas aos bares, aos “happy hours” e interclasses, a faculdade é o ambiente que pode muito preparar para a vida real e o mundo adulto, basta que você saiba usufruir do que tem a oferecer.
O período da graduação é aquele em que jovens adultos (ou muitas vezes adolescentes tardios) recém-saídos do ensino médio, cheios de brilho nos olhos, deparam-se com os primeiros embates com pessoas de visões diferentes (sair da ‘bolha’ do colégio é muito bom! Olha o quanto de gente diferente tem na sua nova sala…), entre colegas de classe, diretorias de centros acadêmicos e professores. Aí, já começam a desenvolver a gestão de partes interessadas, ou como chamamos no corporativo, gestão de stakeholders.
Nesse período de faculdade, tem gente que escolhe a profissão logo nos primeiros semestres e passa toda a duração do curso se especializando. É uma possibilidade! E é uma possibilidade muito interessante, afinal, já sai para o mercado de trabalho sabendo muito sobre uma área de conhecimento específica, já tem os contatos necessários para ingressar no mercado de trabalho atuando com o que gosta e dentro do círculo de rede de apoio profissional e social próprio da tão sonhada área que o aluno da graduação quer desempenhar para o resto da vida profissional.
Mas e quem não escolhe o que quer logo no início? Sai perdendo? Muito pelo contrário! Nossa missão aqui neste texto é mostrar que quem se dá o direito de aproveitar as mais variadas oportunidades (e habilidades de diferentes campos) no período da graduação sai com uma bagagem densa e altamente valorizada pelo mundo corporativo.
Primeiro, quem trabalha no corporativo dificilmente vai lidar somente com uma área de conhecimento específica. Mesmo que você seja contratado, por exemplo, para ser analista tributário de uma empresa, se você não tem a visão do negócio, não vai entregar tudo o que a empresa precisa. Para um mercado diverso, é necessário cada vez mais um advogado diverso. Em suma: a multidisciplinaridade é uma das bases para o sucesso de pessoas no corporativo, e para o crescimento do negócio.
Segundo, precisamos falar sobre os projetos de pesquisa e projetos de extensão. Pode causar um certo estranhamento, mas é verdade: as habilidades adquiridas sendo bolsista (ou voluntário) em projetos de pesquisa e de extensão na graduação são muito valiosas!
Além de deixar seu currículo mais atrativo para recrutadores, já que essas experiências diversas podem ser objeto de perguntas nas entrevistas para estágios e empregos em início de carreira, as habilidades adquiridas poderão vir a ser muito úteis no mundo corporativo: saber testar hipóteses, explicar a linha de raciocínio (como você chegou nesse resultado? qual método utilizado? quais suas fontes?), conseguir consolidar os resultados em um relatório executivo… essas são competências muito valorizadas por empresas (tempo é dinheiro!).
Por fim, participar em projetos como monitorias, ligas acadêmicas, podcasts institucionais, centros acadêmicos, vai ampliando sua rede de contatos, e proporcionando a convivência com pessoas de diferentes contextos, aumentando sua capacidade argumentativa, resiliência e empatia.
Resumindo: Não tenha medo de testar experiências acadêmicas novas durante a faculdade. Esse é o momento perfeito para isso!
O período da faculdade é uma grande oportunidade de porta de entrada para estudantes aproveitarem a inexperiência para errar, arriscar-se no desconhecido, criar e liderar grupos envolvendo profissionais do mercado jurídico para um diálogo acadêmico-mercadológico. Trazer para perto pessoas que o estudante de graduação deseja conectar e conhecer, pode ser uma grande vantagem num mercado tão competitivo como o do Direito.
O mercado está cheio de profissionais que sabem a letra fria da lei, mas faltam aqueles que entendem como aplicá-la de forma estratégica e dentro da dinâmica de negócios, indo além do direito em si. Um estagiário que já participou de uma competição de arbitragem, por exemplo, chega ao escritório sabendo pensar criativamente sob pressão. O aluno que se envolveu com projetos de extensão aprendeu a comunicar ideias complexas para públicos diversos.
Essas são as diferenças sutis que separam os candidatos medianos dos verdadeiramente promissores. A faculdade oferece inúmeras chances de desenvolver essas habilidades, muitas vezes sem cobrar nada por isso, basta ter a disposição de sair da zona de conforto.
O erro mais comum é achar que o currículo se constrói apenas com boas notas e estágios tradicionais. Na realidade, são as experiências variadas que criam um perfil diferenciado. Um recrutador pode até não perguntar sobre aquela monitoria que você fez, mas vai notar quando você souber explicar um conceito com clareza.
Não vão questionar sobre sua participação no jornal da faculdade, mas perceberão sua capacidade de escrever com objetividade. Essas competências transversais são justamente o que fazem a diferença quando o conhecimento técnico é igual entre os candidatos.
O período acadêmico é o único momento em que você pode tentar de tudo sem grandes riscos. Quer experimentar a área criminal? Participe de um núcleo de prática jurídica. Tem curiosidade sobre compliance? Organize um grupo de estudos. Interesse em direito digital? Crie um podcast sobre o tema.
Cada uma dessas experiências não apenas enriquece seu currículo, mas principalmente amplia sua visão sobre as possibilidades da profissão. Quando a formatura chegar, você não será apenas mais um formando, será um profissional com bagagem, rede de contatos e, acima de tudo, clareza sobre onde quer chegar.
No fim das contas, a faculdade é o que você faz dela. Pode ser apenas um lugar para assistir aulas e colar grau, ou pode se tornar o trampolim para uma carreira extraordinária.
A escolha é do aluno, mas o mercado não espera, e quem chegar preparado terá sempre vantagem. Enquanto alguns ainda discutem se vale a pena participar de atividades extras, os profissionais mais visionários já entenderam que essas são justamente as experiências que moldam carreiras de sucesso. O futuro pertence a quem começa a se preparar hoje.
Sobre os autores
Luiza Maziviero é Gerente Jurídica no Grupo Alubar. Mestranda em Direito, Justiça e Desenvolvimento (IDP). Project Manager (Google Certified). Advogada e Consultora Jurídica. Especialista em Direito Internacional (PUC/SP). Entusiasta de Legal Ops e Eficiência Jurídica.
Pedro Galvão é estudante de Direito no Mackenzie, ele é fundador do Legalcast Mackenzie, podcast voltado a temas de inovação. Pedro também coordena a AB2L GenZ Law, frente universitária da Associação, e está à frente na liderança do Legal Hackers e do Legal Ops Lab no Mackenzie. Além disso, atua na cadeira de diretor acadêmico do Centro Acadêmico João Mendes Júnior.