O futuro começa onde você escolhe estar
Num mundo de conteúdo criado automaticamente, agentes digitais e decisões tomadas por algoritmos, o maior ativo será sempre a confiança
Por Tatiana Coutinho* e Rafa Marques*
Olá, amigos leitores!
Hoje começamos uma nova jornada. Essa coluna nasce da vontade de refletir, provocar e transformar. Queremos abrir espaço para debater, juntos, temas que mexem diretamente com a sociedade, com o Direito e, principalmente, com as nossas escolhas. Para quem trabalha com privacidade, isso significa pensar seriamente sobre a nossa capacidade real de controlar o uso das nossas informações pessoais, a chamada autodeterminação informativa.,
Nossa ideia não é simplesmente acompanhar as últimas tendências tecnológicas. Queremos ir além disso, tentando entender o impacto dessas novidades no dia a dia, nas decisões que tomamos e nas estruturas que sustentam a vida em sociedade.
O futuro não é algo distante que está esperando por nós. Ele é construído a cada momento, em cada linha de código, em cada decisão política ou empresarial que tomamos hoje. Por isso, precisamos fazer perguntas importantes: que futuro queremos? Qual será o espaço reservado à privacidade e à autonomia das pessoas nesse novo cenário?
Estamos vivendo uma aceleração histórica. Em pouquíssimos anos, passamos das incertezas de uma pandemia global à adoção rápida e definitiva de novas formas de trabalho, educação e comunicação. Lives, podcasts, ensino remoto, home office e assistentes virtuais são agora parte das nossas vidas. Ao mesmo tempo, algo menos visível, mas muito mais profundo, começou a acontecer. A consolidação de um ambiente digital completamente orientado por dados, algoritmos e decisões automatizadas.
Foi desse movimento que nasceu aquilo que chamamos hoje de inteligência artificial. Mais do que uma ferramenta tecnológica, a IA virou símbolo de uma nova era, que exige equilíbrio entre a inovação tecnológica e a responsabilidade humana.
Empresas que já perceberam essa mudança não buscam mais apenas fidelizar clientes: agora querem formar comunidades, criar conexões reais e deixar um legado. A próxima revolução não será só tecnológica, será também emocional. Ainda não temos todas as respostas sobre como lidar com tantas novidades, mas temos certeza de uma coisa: se soubermos usar governança com responsabilidade, vamos conseguir chegar a lugares que nunca imaginamos.
Num mundo de conteúdo criado automaticamente, agentes digitais e decisões tomadas por algoritmos, o maior ativo será sempre a confiança. E confiança se constrói com transparência, responsabilidade e empatia. Liderar nesse cenário não será apenas dominar ferramentas tecnológicas. Será, antes de tudo, saber fazer as perguntas certas: estamos tratando os dados com respeito e ética? Quem não está sendo ouvido nessa conversa? O que é realmente inovação, e o que é apenas barulho?
A inteligência artificial já faz parte das nossas conversas do dia a dia, seja nas reuniões, nos encontros rápidos ou mesmo na pausa para um café. Seu impacto é inegável, mas longe de nos tornar ultrapassados, essas mudanças nos colocam num novo papel, como protagonistas atentos e conscientes do nosso próprio futuro.
Foi exatamente por isso que criamos esta coluna. Somos dois amigos que compartilham inquietações, visões complementares e um interesse genuíno pelo futuro. Nosso objetivo é traduzir, com clareza e simplicidade, os temas mais importantes da inovação e, especialmente, mostrar como eles afetam nossa vida prática, nossas escolhas e a forma como nos relacionamos.
O futuro começa exatamente onde você escolhe estar. E nós ficamos felizes por você estar aqui com a gente.
Sobre a Coordenação
Tatiana Coutinho é Sócia do Lima Feigelson Advogados, gerencia a equipe de Proteção de Dados Pessoais, Cibersegurança e Inteligência Artificial. Mestranda em Direito Regulatório pela Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro (FGV Rio). Possui LL.M. em Privacidade e Proteção de Dados Pessoais pela Universidade de Lisboa (ULisboa) e especialização em Processo Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), Governança em Tecnologia da Informação pela Faculdade Única e Direito Digital pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pesquisadora no Ethics4AI. Membro do Berkeley Center on Comparative Equality & Anti-Discrimination Law (BCCE) e da Coalizão Dinâmica sobre Governança de Dados e Inteligência Artificial do IGF da ONU pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Rafael Marques é advogado especializado em Direito Empresarial, Direito Digital, Privacidade e Proteção de Dados Pessoais, com certificações CIPM e CDPO/BR. Professor convidado em cursos de pós-graduação em Direito Digital, Proteção de Dados e Inteligência Artificial. Coordenador do curso Privacy Operations na Future Law. Atualmente cursando MBA em Data Science e Analytics na USP/Esalq. Membro da Comissão de Direito Digital da OAB SP, membro da Forbes BLK, Pesquisador no GITEC/FGV-SP e host do Flycast.